sábado, 29 de maio de 2010

O Lado Bom da Depressão Existe?

 A última edição da Galileu estampa na capa o texto "O lado bom da depressão", o que me fez ler a matéria. Curiosamente, em um debate com três profissionais da saúde, os três disseram não concordar que a depressão tenha um lado bom (quer dizer...).
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E realmente não tem! Acho que o que a revista quer dizer é que, no processo de superação da depressão (que geralmente envolve terapia) você pode adquirir um autoconhecimento muito grande, podendo até passar por reviravoltas na sua vida que, no fim, podem ser muito satisfatórias. Neste ponto eu concordo: a depressão não tem lado bom, mas o modo como você lida com ela pode trazer benefícios.

 É por isso que defendo o uso da terapia mesmo quando a pessoa está tomando medicamentos, caso contrário é como tomar aspirina para a dor de cabeça: seu sintoma some, mas você não sabe porque ele apareceu e nem quando pode voltar.

 A primeira capa da matéria diz: "Ela [a depressão] não pode ser diagnosticada por exames de sangue, detectada em chapas de raios-x ou investigada em testes de resistência física". Isso porque a depressão não é uma doença como o mal de Alzheimer ou a diabetes, mas sim um transtorno comportamental.

20100511_depression.jpg  Isso quer dizer que ela se desenvolve de acordo com a maneira que lidamos com nossas dificuldades do dia-a-dia. Pode até ser que algumas pesquisas apontem indícios de predisposição genética, mas ela ainda depende do ambiente. E a própria matéria, apesar de chamar a depressão de "doença" umas mil vezes, mostra isso em seus casos relatados: primeiro uma jovem morando só em uma cidade sem emprego nem amigos, depois uma mulher que trabalhava e estudava excessivamente (e aumentou essas horas para lidar com a sensação de vazio), e em seguida um rapaz insatisfeito com o curso que havia escolhido (e para mascarar a tristeza, gastava tempo e dinheiro em compras e baladas). São situações que já trazem mal estar e, dependendo de como lidamos com elas, podemos piorar ainda mais as coisas. A desesperança vem e daí a rotulamos de depressão - o "câncer da alma".

 Acho que acabei falando mais mal do que bem da matéria, mas ela é bem interessante sim! Principalmente para curiosos e pessoas que conheçam outras com o diagnóstico. Já para profissionais da área as revistas científicas são sempre preferíveis.

1 comentários:

Senhorita Porquê disse...

Confesso que eu chego a pensar às vezes, em alguns momentos deprê, que é bom ficar triste! Não sempre, o tempo inteiro! Mas algumas vezes sim!
Vc fica mais reflexivo, pratica o autoconhecimento mesmo... enfim!

Talvez a depressão de verdade, a patológica, não é boa mesmo. Mas a melancolia normal é boa.
Aliás, o que diferencia uma pessoa "normal" de uma com Transtorno do Humor, transtorno cuja Depressão está inclusa, é que a "normal" sofre de mudanças transitórias do humor, ou seja, pode sentir alegria, tristeza, raiva, melancolia, nostalgia, êxatase, etc. alternadamente, causados por N fatores da vida...
Já a pessoa com Transtorno de humor sofre de ausência de mudanças transitórias de humor, ou seja, há a predominância de um ou poucos tipos de humor; como, por exemplo, a depressão, em que a pessoa sente apenas tristeza, apatia, rebaixamento do humor, etc., ou mesmo o Transtorno Afetivo Bipolar, em que fica apenas depressiva ou maníaca (com ânimo extremanente exaltado, elevado).

Então, talvez seja esse o lado bom da "depressão", não a depressão patológica, mas aquela melancolina, que eu diria até saudável!

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